13 de abril de 2009

Pescadores de Aquário

Ouvi num sermão que o pastor adventista, ao atender o pedido de visita feito por uma jovem em uma série de conferências, acabou encontrando um ambiente hostil em sua casa, no momento da visita. Seu pai, que era evangélico de outra denominação, havia conversado com o seu pastor e um grupo de membros ficaram aguardando a chegada do pastor adventista àquela casa.

Chegando, foi surpreendido com mais de 10 senhores de paletó, que solicitaram que ele sentasse em um banquinho infantil, baixinho, enquanto todos os demais sentaram-se em cadeiras normais e o pastor da outra denominação ficou de pé, começando o discurso, mais ou menos assim: "vocês, adventistas, são pescadores de aquário" e "sabemos que a lei foi abolida, mas vocês distorcem a bíblia para guardar o sábado". Segundo o relato, cada tentativa de falar em sua defesa era interrompida prontamente por vários comentários simultâneos e novas ofensas de todos os presentes. Após bastante tempo do monólogo do pastor, provando sem chance de contra-argumentação, que os adventistas eram heréticos, tendo dito todos os argumentos de que se lembrava, o pastor adventista pediu a palavra e foi, então atendido.

Ele disse: -- "já que ouvi quieto, posso agora falar só uma coisa a respeito deste assunto (o que estavam falando, que não estamos mais debaixo da lei de Deus, mas da Graça, baseado em ) de que me acusam?" Tendo concordado, disse-lhes: -- "podemos ler a Bíblia agora? Então leiamos Romanos 7:8":
  • "Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência; porquanto onde não há lei está morto o pecado."

-- "O que diz o texto sobre a lei e o pecado? Isto está na carta de Paulo aos romanos. Onde não há lei não há pecado. Se depois da morte de Cristo a lei está abolida, não temos pecado. A que lei pode estar se referindo? Não pode ser a dos homens, então é a lei de Deus. A lei de Deus, que sempre existiu desde o Éden, foi gravada nas tábuas pelo próprio Deus no Sinai. Se a graça agora "substituiu" a lei, pela passagem não exite mais pecado; se não existe mais pecado, não existe razão de existirem igrejas nem pastores, como nós".

Depois disso, o pastor disse: "tenho vontade de cortar a cabeça de vocês, adventistas, e colocar a Bíblia dentro de suas cabeças"! Então o pastor adventista disse: -- "já que eu não sou bemvindo aqui, visto que querem até me matar, vou-me embora." Saiu e foi acompanhado pelo dono da casa, que relatou finalmente que tudo foi idéia do pastor, inclusive o "banquinho".

Fiquei pensando sobre esse relato. O que leva pessoas "religiosas" a terem tal reação? Essa atitude corresponde ao uso da força. Que medo tão grande existe no diálogo? Por que ter medo? Achei na internet o link O Desafio da Igreja Adventista do Sétimo Dia. É um texto revoltado de um ex-frequentador, que apresenta uma visão caricaturada, distorcida do que acreditam os adventistas. Mas apresenta críticas construtivas e outras demonstram sua grande revolta. Estou citando aqui porque acusa o adventismo de "pescar no aquário dos outros", e é essa a idéia que pretendo agora analisar sucintamente. Lendo os escritos do link acima, sugiro que o leitor deste meu blog também não deixe de ler o seguinte com a real posição da Igreja Adventista: Crenças da Igreja Adventista.

Qual o problema de falar da sua religião para quem tem outra religião? Pescar num aquário é algo muito fácil, porque o peixe está sem alternativa de fuga. É fácil. Pregar para não crentes é pregar no lago, rio ou oceano enquanto pregar a evangélicos é pregar no aquário? Acho que as coisas estão trocadas. É muito mais difícil convencer alguém que estuda a Bíblia regularmente (ou não?) e apresentar a sua visão a ela. Dizer para uma pessoa que nunca leu a Bíblia que Deus o quer salvar e que o certo é guardar o sábado é muito mais fácil que, por exemplo, mostrar para um evangélico que ele está enganado guardando o domingo e que todos os seus líderes e pastores conferencistas, com doutorado e tudo, não compreenderam o que os adventistas estão dizendo com base na Bíblia, somente. Não estou correto? É muito mais difícil. Se falamos com evangélicos é porque temos muita convicção! É porque sabemos que, mesmo sendo um grande desafio, falta muito pouco para que os evangélicos pensem como os adventistas.

Pessoalmente acho que todos os argumentos contrários são tão fracos, mas tão fracos e mal colocados que essa foi a razão de eu ter deixado a minha primeira religião e passado a ser adventista. A visão anterior era de espanto pelo misticismo do culto do por-do-sol de sexta-feira, pelo fanatismo aparente a Ellen White, uma "profetisa", que é tão acusada que a impressão que tinha era de que ela seria uma pessoa fanática, quase louca, que escrevia e mandava em todos e inventava sonhos e visões. Mas com o tempo fui vendo que nada era como pintavam para mim. Diziam que eu nem deveria ter muito contato com os adventistas. Agora sei o porquê: por que acabaria me tornando um adventista, como ocorreu. Conclusão que cheguei: Igreja Adventista é tão coerente como a Batista, mas apresenta muito mais profundidade e unidade no estudo da Bíblia.

Um comentário:

  1. Caro Fred,
    Saudações Cordiais!

    O texto acerca da questão do "Desafio da Igreja Adventista do Sétimo Dia" não é efetivamente um manifesto "revoltado", mas, na verdade, um "desafio" firme e forte sobre os fundamentos adventistas.

    No mais, concordo em grau, gênero e número com a sua manifestação aqui.

    Cordialmente,
    Prof. Jean Alves Cabral Macedo
    professorjean@naturologiaclinica.org

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